Selva de pedras





São Paulo engole nossa rotina, sonhos e até essência. Eu perdi minha essência. Confesso que ainda me sinto perdida às vezes, mas estou tentando e lutando todo santo dia pra estar aqui. 

As pessoas são egoístas, não te olham na cara. Gentileza então, puf, nunca nem vi. É cada um vivendo sua vida regrada e única, sem pensar no próximo. Parecem cavalos usando tapa (parte do arriamento que serve para que o animal não olhe para os lados). 

Eu escolhi estar aqui, viver aqui e realizar o sonho de uma vida inteira: morar em São Paulo. 

No começo, achei que viveria feliz e sendo aceita pelas pessoas, mas me equivoquei. Eu não sou “aceita” pelos paulistas, eu sou invisível, por isso posso usar a roupa que quero e beijar quem eu quero; porque cada um vive na sua própria bolha. 

Você se questiona se dá “bom dia” para os lixeiros, porque não sabe se irão te responder ou te achar estranha demais. Um sorriso sincero em meio ao caos parece coisa doutro mundo. 

Os moradores de rua estão em cada esquina. Eu me sinto mal por não conseguir ajudar todos e depois de certo tempo, você até se “acostuma” com eles. Isso é inumano. Se acostumar com pessoas IGUAIS a você, morando no chão, sem comida, sem um teto, sem o BÁSICO. 

Poderia continuar escrevendo e escrevendo e escrevendo todas as coisas ruins que existem na selva de pedras, mas ainda estou tentando encontrar o lado bom, o lado bonito e talvez do amor e compaixão. 

Existe amor em SP?

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